"Descobrir o Homem " (isto é, mulheres e homens, e até seus filhos) nas pedras lascadas, foi, de uma forma ou de outra, a ambição de André Leroi-Gourhan e Jacques Tixier, e requereu, naturalmente, conhecimentos documentais tal como os apresentamos na primeira sessão (sobre os objetos, deposicionados nos sítios, na geografia e na cronologia...). Mas a sua mera acumulação não é suficiente. É também necessário analisar estes objetos com um olhar técnico, ou seja, ler a sucessão de gestos e operações técnicas das quais resultam, com recurso à analogia experimental relacionada às próprias técnicas, as referências geológicas a respeito da origem dos materiais, ou as noções gerais de psicologia. É isto que Jacques Pelegrin procura mostrar nesta última sessão: como a combinação dessas observações e conhecimentos consegue devolver um pouco de humanidade a estas famosas pedras de sílex lascadas.

Pedras lascadas, testemunhos das capacidades psíquicas dos seus autores

Vamos começar esta sessão apresentando no vídeo seguinte as pedras lascadas como testemunhas das capacidades psíquicas dos seus autores. De fato, ressalta, entre outras coisas, que os nossos antepassados de várias centenas de milhares de anos já apresentavam uma inteligência técnica moderna...

Pedras lascadas, testemunhas de culturas, deslocamentos e "contatos" 

Quando grupos humanos partilham as mesmas práticas técnicas durante longos períodos de tempo e amplos espaços abertos, os investigadores da pré-história falam em tradições ou mesmo culturas, como Jacques Pelegrin explica neste vídeo. Mas também podem perceber movimentos de indivíduos ou contatos entre grupos...

Pedras lascadas, possíveis produtos de especialistas

Durante o Neolítico, determinados produtos líticos, especialmente no registro de lâminas e cabeças de machado, resultaram da atividade de especialistas, nas mais diversas modalidades... Isto é o que Jacques Pelegrin nos apresenta no vídeo seguinte.

Síntese

Como conclusão desta apresentação, Jacques Pelegrin propõe compreender neste último vídeo que a Pré-história vem reafirmar várias facetas da natureza humana: a nossa inteligência e a capacidade de invenção, as nossas dimensões lúdicas, sociais e simbólicas. Bom dia a todos.

 


Referências bibliográficas

  • Klaric, L. (ed.) 2018. L’apprenti préhistorique : appréhender l’apprentissage, les savoir-faire et l’expertise à travers les productions techniques des sociétés préhistoriques. Brno: The Czech Academy of Sciences, Institute of Archaeology. 375 pp.
  • Pelegrin, J., Mallet, N., Ihuel, E., Millet-Richard, L.-A. & Verjux, C. 2015. Le phénomène pressignien. In: Signes de richesse. Inégalités au Néolithique (A. Chancerel, first curator). Exhibition booklet: 92–100. Paris: RMN.
  • Picq, P. & Roche, H. 2013. Les premiers outils. Paris: Le Pommier. 144 pp. 
  • Ploux, S. & Karlin, C., 1994. Le travail de la pierre au Paléolithique ou comment retrouver l’acteur technique et social grâce aux vestiges archéologiques. In B. Latour & P. Lemonnier (dirs): De la Préhistoire aux missiles balistiques: 65–82. Paris: La découverte.
  • Pelegrin, J. 2017. As Experimentaçoes em Tecnologia Litica. In: Tecnologia litica na arqueologia brasileira: coletana de (re)publicaçoes org. L. Fernandes & D. Duarte-Talim (eds): 29–37. Belo Horizonte: Museu de Historia Natural da UFMG.
  • Pelegrin, J., Rodet, M.-J., Duarte-Talim, D. 2017. Método para estudo de industrias liticas lascadas: a Analise Tecnologica. In: Tecnologia litica na arqueologia brasileira: coletana de (re)publicaçoes org. L. Fernandes & D. Duarte-Talim (eds): 13–28. Belo Horizonte: Museu de Historia Natural da UFMG.
  • Pelegrin, J. 2020. A tecnologia litica à francesa. Revista de Arqueologia 33, 1: 221–243. DOI: 10.24885/sab.v33i1.
  • Tradução e atualização em Portugues de « Technologie de la Pierre taillée, 1995, M.-L. Inizan, M. Reduron-Ballinger, H. Roche, J. Tixier, CREPE »: Tecnologia da Pedra Lascada, Ediçao revisida, atualizada e ampliada com definiçoes e exemplos brasileiros para M.-J. Rodet e J. de Resende Machado. Belo Horizonte: Museu de Historia Natural e Jardim Botanico de UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).

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